Torcedor viaja 4000 km, vê eliminação e recebe R$ 400 do time para voltar

Fanático pelo São José-RS, Thalys Engel saiu de ônibus de Porto Alegre-RS rumo a Rio Branco-AC para acompanhar a partida decisiva pela Série D; sem dinheiro, ele foi ajudado pelos jogadores


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"Cheguei em casa, arrumei minhas coisas e fui para a rodoviária porque eu tinha visto um ônibus que sairia às 16h direto para Cuiabá-MT. Cheguei às 15h30 e não tinha mais lugar, só na quinta-feira, mas aí eu não chegaria a tempo de ver o jogo. Então, consegui um ônibus de outra empresa, às 17h, até Campo Grande-MS", disse Thalys, que pegou três linhas de ônibus ao todo e seguiu até Porto Velho-RO antes de chegar a Rio Branco-AC, o destino final.

 

Por pouco, o torcedor não viu a sua aventura ir por água abaixo. Quando ainda estava no interior de Santa Catarina, o ônibus precisou ser trocado. "O motorista viu o problema, parou em Joaçaba e lá fizemos a troca do veículo", explicou ele, que precisou se virar para comer e cuidar da higiene. "Fui me alimentando e tomando banho na estrada e rodoviária. Levei um pouco de salgadinho, mas nada de comida pesada".

 

Ao chegar a Rio Branco, domingo de manhã, Thalys foi até o hotel da delegação do São José e, depois, aproveitou para conhecer a cidade. "Por volta das 12h, alguns torcedores do Rio Branco me buscaram no hotel para um churrasco de confraternização".

 

Empolgado com a chance de ver o São José na Série C do Campeonato Brasileiro, o hoteleiro viu a animação virar frustração com o empate por 1 a 1 e a consequente eliminação. A volta, com o revés na bagagem, seria muito mais dolorosa, principalmente por não ter dinheiro para a hospedagem até segunda-feira de manhã, horário de saída do ônibus. No entanto, dois atletas, sensibilizados com a situação, resolveram ajudar.

 

"Não pretendia ficar em hotel, e não tinha dinheiro para isso. Porém, após a partida, dois jogadores (Fábio e Diego Torres) me deram em torno de R$ 400. Eles falaram: 'isso é para o seu retorno. Não é muito, mas é para ajudar'. E agradeceram por eu ter ido. Com esse dinheiro e mais o que eu já tinha reservado para comprar as passagens de ônibus, eu consegui pagar a diária no hotel até segunda, comprar o bilhete de ônibus até Porto Velho-RO e a passagem de avião até Florianópolis", contou ele, que também ganhou lanches e bolachas do elenco.

 

Amor pelo Zequinha

Apesar de ter dois clubes gigantes na mesma cidade como Grêmio e Internacional, Thalys não pensou duas vezes ao escolher um time para torcer. A proximidade com o estádio Passo D'Areia foi um dos motivos.

 

"Sou torcedor do São José desde pequeno. Sempre morei perto de um bairro próximo ao Passo D'Areia. Minha avó também morava perto. Com isso, fui criando identificação com o clube até entrar para a torcida organizada Os Farrapos e nunca mais sair", explicou Engel, que contou como foi a recepção de sua família com o seu sentimento pelo Zequinha.

 

"No começo, quando comecei a viajar, a família achou maluquice, porque meu pai é gremista, minha mãe é colorada e boa parte da família torce pelos dois. Eles acharam estranho eu torcer por um time da quarta divisão, que não tem estrutura e divulgação".

 

Depois de viajar mais de 4000 mil quilômetros, sofrer com imprevistos e presenciar a eliminação do clube do coração, a pergunta fica no ar: valeu a pena tudo o que você passou, Thalys? "Claro que valeu, com certeza. E faria de novo. Se jogar no Acre, no Amapá, em Rondônia, Roraima... se tiver que ir de ônibus... com certeza eu vou", garantiu o apaixonado torcedor.


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