IVINHEMA: Laudo revela culpa de médicos por morte de bebê


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CAMPO GRANDE NEWS

O bebê que morreu no parto, em Ivinhema - em meio a uma briga de dois médicos que disputavam a realização do procedimento - teve sofrimento agudo até ser retirado do útero da mãe por meio de uma cesárea. É o que aponta laudo de biópsia feita em amostra da placenta colhida logo após o episódio, no dia 23 de fevereiro.

O resultado confirma que a briga entre os profissionais foi determinante para a morte da criança, como os próprios médicos envolvidos já haviam admitido.

O documento deve ser uma das provas principais do inquérito policial contra os dois profissionais, Sinomar Ricardo e Orozimbo Ruela. Os dois devem ser indiciados por aborto doloso, crime cuja pena é de 3 a 10 anos de reclusão.

O laudo, feito em São Paulo, chegou nesta quarta-feira para o delegado responsável pelo caso, Lupérsio Degerone Lúcio. O delegado informou que o exame mostrou que o bebê, uma menina, tinha batimentos cardíacos até uma hora de ser retirado cirurgicamente.

O procedimento foi realizado por um terceiro médico, chamado às pressas em razão da confusão entre os outros dois profissionais.

Prova decisiva- A confirmação do sofrimento fetal por meio de laudo era importante para afastar a possibilidade de que outras causas pudessem ter provocado a morte da criança. Caso o laudo revelasse sofrimento crônico, isso indicaria alguma enfermidade ou malformação pré-existente.

O prazo inicial para o inquérito ser concluído e enviado ao Ministério Público termina hoje. Mas o delegado disse que pedirá prorrogação, por igual período, para que seja elaborado um laudo complementar da biópsia, por um legista de Nova Andradina.

Recebido esse laudo, o policial deve concluir o inquérito pedindo o indiciamento dos dois médicos. Lupérsio explicou a acusação é por aborto doloso em razão das circunstâncias em que tudo aconteceu.

O entendimento é de que, ao brigar em plena sala de parto, para realizar o procedimento, os médicos ignoraram a paciente e assumiram o risco de algo mais grave ocorrer, como de fato aconteceu.

O pai do bebê morto, o bombeiro Gilberto Cabreira, disse que o resultado do laudo já esperado. Ele acompanhou tudo e viu a mulher, Gislaine de Matos Rodrigues, 32 anos, esperar das 22h30 até a 1h15 para finalizar o procedimento médico e, ao fim, ver o bebê morrer, após uma gravidez sem intercorrências.
Cabreira, que tem treinamento para realizar partos, diz que acompanhou tudo com muita agonia e que, em situações normais, seria um parto normal, para demorar no máximo 40 minutos. “Até eu poderia ter feito”, desabafa.

O casal foi à Justiça pedir indenização pelo acontecido. Os médicos também correm o risco de sofrer processo ético pelo CRM (Conselho Regional de Medicina), que abriu sindicância sobre o caso, mas ainda não divulgou os resultados.


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