Capital
Após 2º morte no trânsito, família quer prisão de jovem
CG NEWS
Duas famílias com realidades bem distintas tiveram o mesmo final triste com mortes no trânsito provocadas pela mesma pessoa. Elas perderam parentes em acidente de trânsito em que o motorista envolvido é Anderson de Souza Moreno, 19 anos, e esperam que, depois da segunda vítima, ele seja preso.
Anderson é responsável pelo acidente que terminou com a morte estudante Mayana de Almeida Duarte, 23 anos, envolvida em acidente ocorrido dia 14 de junho deste ano, no cruzamento da Avenida Afonso Pena e Rua José Antônio, no centro de Campo Grande. A suspeita é de que ele disputava um racha, quando com o veículo Vectra que conduzia colidiu contra o Celta dirigido por Mayana. A estudante chegou a ser socorrida e faleceu 12 dias depois.
Em 10 de janeiro de 2007, o mesmo jovem, aos 16 anos, atingiu o motociclista Waldir Ferreira, 36 anos. Anderson conduzia um Opala quando bateu na moto Sundown dirigida por Waldir, que ficou internado por dois dias e faleceu. Este acidente ocorreu na Rua Fernandes da Fonseca, na região do Bairro Universitário.
Nos dois casos, Anderson sofreu ferimentos leves.
Passados três anos da morte do marceneiro Waldir, a viúva Eliane Pimentel de Melo, 36 anos, conta os problemas que ainda enfrenta. “Minha filha reprovou dois anos na escola. Agora que está aprendendo a escrever. Ela só soletra e lê com dificuldade. Eu sou recreadora e acompanho o desenvolvimento de outras crianças”, lamenta.
Ela conta que pequena Ariane Pimentel Ferreira, 10 anos, a segunda filha do casal, faz tratamento com psicóloga desde a morte do pai. Eliane diz que, na época do acidente, o trauma era ainda maior. “Toda moto que passava perto ela dizia que era a moto do pai”, lembra.
Eliane esclarece que na época do acidente havia rompido o relacionamento de oito anos com marido por conta de uma briga. Ela explica que só soube da colisão quando o marido já havia falecido.
As circunstâncias do acidente ela só soube depois. “Eu fui ao local e disseram que ele (Anderson) estava em alta velocidade. Meu marido estava na preferencial”, completa.
Eliane conta que, quando soube que o jovem envolvido no acidente que resultou na morte de Mayana era o mesmo que havia atingido a moto do marido, começou a analisar a possibilidade de ingressar com ação por danos materiais contra o jovem.
“Para que ele não faça mais isso”, argumenta. Ela enfatiza que está preocupada com o futuro das filhas. “Eu não vou ter condição de pagar faculdade para as duas”, completa.
No entanto, ela não sabe se vai ter condição financeira para contratar um advogado. Ela cobra Justiça em relação aos dois casos, assim como a mãe de Waldir, a dona de casa Maria de Lourdes Ferreira, 65 anos.
“Fiquei sabendo que ele (Anderson) cometeu outro erro e o pai acobertando”, lamenta a mãe. O pai a quem a dona de casa de refere é Rosalvo Moreno, que é policial militar aposentado e também prestou depoimento no inquérito que investiga as circunstâncias do acidente que terminou com a morte da estudante Mayana.
“Não acho certo que fique solto e fazendo as mesmas coisas. Tem que ser punido agora, que já é maior de idade. Ele vem e fala que foi fatalidade. Uma criança de 16 anos dirigindo em alta velocidade é fatalidade”, diz Maria de Lourdes em relação ao jovem.
Mais reservado - O pai de Mayana, Marco Aurélio Duarte, 47 anos, diz que aguarda o trabalho da Polícia. Ele revela que tem procurado se manter calmo. “É claro que é muito difícil, principalmente para a mãe dela”, completa.
Conforme o empresário Marcos, a família tem tomado o cuidado de não comentar muito o caso enquanto o inquérito não estiver concluído. “Uma coisa é certa: estava correndo além do permitido”, lamenta.
A reclamação do pai é confirmada por testemunhas. Três pessoas que prestaram depoimento na madrugada do acidente afirmaram que Anderson de Souza Moreno participava de um racha com o amigo Willian Jhonny de Souza Ferreira, 25 anos, declaração que é investigada pela Polícia Civil.
O advogado de Anderson, Coaraci Castilho, foi o único a falar à imprensa até agora. Ele lembra que o cliente garante que transitava em velocidade entre 40 e 50 km/h no dia do acidente com Mayana. Elel nega qualquer envolvimento em racha, mas não aceita falar com jornalistas.