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Procurador escreve sobre o Tiririca para Presidente
DOURADOS NEWS
Quem tem um pé na roça ou ao menos um quintal em casa, conhece bem uma erva daninha chamada “tiririca”. Quando ela infesta um gramado é um “deus nos acuda” para eliminá-la. Com hastes finas e alongadas, em pouco tempo domina uma grande área. Não adianta simplesmente arrancá-la do chão. Afinal, ela se alastra no subsolo. Seus bulbos criam raízes, originando outras tantas. Para exterminá-la, só cavando profundo.
Em todos os setores da atividade humana também temos “ervas daninhas”. Mas é na política que elas proliferam com mais facilidade. Terreno fértil, tem sido invadida por muitos parasitas. E a cada ano que passa, sobram poucos homens públicos decentes para honrá-la. Após sucessivas eleições, esse setor vem sendo ocupado por pessoas sem o mínimo preparo e, o que é pior, não escondem o interesse que têm em tornarem-se políticos com um único objetivo: “arranjarem uma boquinha”. Não temem o ridículo. O escracho vem ganhando força.
Se a classe política proibiu os programas humorísticos de fazerem piadas sobre seus integrantes, o povo não tem sentido falta, pois mais e mais candidatos dão show de humor no horário eleitoral. Com nomes engraçadíssimos – “Zé Ninguém”, “Pneu Furado”, “Fulô de Cheiro”, “Tião da Vaca”, “Zé Cutia”, “Didi da Pomba”, “Rosilei Quem Quem” e tantos outros - hoje são os maiores humoristas do Brasil. Não têm concorrentes. E diante dessa realidade, muitos profissionais do humor tentam migrar para a política. Assim, “Tiririca”, “Batoré”, “Juca Chaves”, junto com a “Mulher Pêra”, “Mulher Melão”, alguns ex-BBB’s, jogadores de futebol aposentados, formam um caldo preocupante. Acabou a seriedade.
São candidatos que não disfarçam seus propósitos. Não escondem que nada entendem de política. O palhaço Tiririca talvez seja o mais ousado. Na sua propaganda eleitoral, fantasiado de seu personagem, afirma: “Vocês sabem o que um Deputado Federal faz? Na verdade, eu não sei, mas vote em mim que eu te conto depois”. Perguntado se colocaria parentes para trabalhar com ele, responde rapidamente: “Com certeza. Primeiramente a minha família”. Para arrematar, manda seu bordão: “Vote Tiririca, pior do que tá não fica.” Bem, tem graça porque ele ainda não foi eleito. Mas há muito mais! E não estamos falando de candidatos de algum Estado atrasado ou pertencente a um partido nanico. Grande parte concorre pelo Estado de São Paulo – o mais rico – e são filiados de grandes partidos.
É certo que a classe política dominante sempre se serviu de candidatos populares, conhecidos através da grande mídia televisiva. Cumpriam um papel no processo: angariavam votos para a legenda, transferindo-os para os caciques perpetuados no poder. Entretanto, se antes só um ou outro furava esse bloqueio e acabava eleito, hoje, com essa avalanche de exóticos, há o perigo concreto da consagração nas urnas de um número expressivo desses debochados. E não é loucura imaginar que, num futuro muito próximo, eles venham dominar esse cenário. Se nada for feito para impedir esse descalabro, talvez, em um dia não muito distante, tenhamos uma campanha bem popular e seremos obrigados a assistir a posse de “Tiririca” ou seu similar para Presidente do Brasil.