PF apura indícios de lavagem de dinheiro nas doações a partidos também nas eleições de 2014

Empresário disse a procuradores e policiais da Operação Lava Jato que o PT recebeu parte da propina cobrada de fornecedores da estatal na forma de doação oficial ao partido - o "caixa 1" de campanha


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Em um dos depoimentos mais graves e reveladores até agora emrelação ao esquema de desvios de recursos da Petrobras, o empresário AugustoRibeiro de Mendonça Neto, executivo do grupo Toyo Setal, disse a procuradores epoliciais da Operação Lava Jato que o PT recebeu parte da propina cobrada defornecedores da estatal na forma de doação oficial ao partido – o “caixa 1” decampanha. A declaração confirma reportagem de capa da ISTOÉ publicadahá duas semanas, faz com que oposição eleve o tom contra o governo e deixa oPalácio do Planalto em sinal de alerta, pois é exatamente o caixa oficial do PTque hoje se encontra submetido à análise do ministro do STF, Gilmar Mendes,responsável por julgar a contabilidade de campanha à reeleição de DilmaRousseff. Conforme antecipou ISTOÉ na edição 2348, não só o PT, como o PMDB, oPP e o PTB usaram a contabilidade oficial, o caixa 1 das campanhas eleitorais,para receber milhões de reais desviados da Petrobras. Para chegar a essaconclusão, os delegados e procuradores vasculharam centenas de movimentaçõesbancárias no Brasil e no exterior e analisaram documentos que vêm sendoapreendidos desde março. “Estamos diante de um crime gravíssimo que transformaos partidos políticos em autênticas lavanderias de dinheiro ilegal”, disse àISTOÉ uma das autoridades com acesso a toda investigação. “A situação(investigação) coloca em xeque inclusive as doações eleitorais legalmenteregistradas, que podem indicar uma forma estruturada de lavagem de dinheiro”,atesta um relatório analítico da Polícia Federal, elaborado pela Delegacia deRepressão a Crimes Financeiros ao qual ISTOÉ teve acesso.


Embora o relato de Mendonça Neto se refira à campanha de2010, há um temor no Planalto de que, na devassa promovida nas contas de Dilmade 2014, sejam encontradas conexões do mesmo esquema. Para investigadores daLava Jato já há indícios da reprodução do modus operandi adotado em 2010 naseleições deste ano. Se irregularidades graves forem encontradas nacontabilidade da campanha, os ministros podem – em último caso – até impedir adiplomação da presidente, apesar desta hipótese ainda depender do prazo a serexercido por Gilmar Mendes para concluir seu parecer. O que mais preocupa ogoverno neste momento é a afirmação do executivo da Toyo Setal segundo a qual,apenas num único contrato, celebrado pela Petrobras com o consórcio Interpar –composto pelas construtoras Mendes Júnior, SOG Óleo e Gás e MPE Engenharia –foram depositados R$ 4 milhões nas contas do PT. Os depósitos teriam sidoefetuados pelas empresas PEM Engenharia, SOG e Setec Tecnologia entre 2008 e2011. A propina era cobrada por Renato Duque, ex-diretor de Serviços daPetrobras. Duque era o elo entre as fornecedoras e o tesoureiro do PT, JoãoVaccari Neto.


A oposição, até então cautelosa, já fala em “ilegitimidade”da presidente reeleita. “Estou estarrecido. Se isso (o depoimento do executivoda Toyo Setal) for verdadeiro, temos um governo ilegítimo no Brasil. É adenúncia mais grave que surgiu até aqui”, afirmou o presidente do PSDB, AécioNeves. Para o líder do partido no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP),ainda não há condições jurídicas e políticas para um pedido de impeachment, maselas “podem vir a se verificar”. “Se houve uso do petrolão em 2010 e o esquemacontinuou operando até agora, é necessário apurar se a fonte não irrigou tambéma campanha de 2014. Temos uma presidente sob suspeita”, fez coro o líder doPSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA).


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