Agiota fazia empréstimos para 'lavar' dinheiro do tráfico, conclui polícia


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A Polícia Civil, por meio da Denar (Delegacia Especializadade Repreensão ao Narcotráfico), prendeu ontem (15) três pessoas na Vila Nasser,em Campo Grande. Fernando Neves da Silva, 34 anos, atuava como agiota e faziaempréstimos como uma forma de esconder a verdadeira fonte de renda, no caso otráfico, atividade que desempenhava com ajuda da mãe e da esposa.


Com o trio foram apreendidos porções de cocaína,televisores, celulares, notebooks, munições, 150 mil caixas de cigarrocontrabandeado, R$ 19 mil em espécie, máquinas de caça-níquel, quatro armas defogo, sendo uma pistola calibre 9mm e uma carabina .44 de uso restrito, além deduas espingardas, um Toyota Corolla, mais de 20 chaves e documentos de outrosveículos.


Segundo o delegado João Paulo Sartori, Fernando mantinha umponto de distribuição de drogas no bar da mãe, Judite Neves da Silva, 60 anos,na Rua João Guimarães Rosa, na Vila Nasser. Ontem, ele foi flagrado no momentoem que iria fazer uma entrega na Vila Manoel Taveira. Ele estava com algunspapelotes de cocaína e caixas de cigarro contrabandeado.


Ele foi levado até o bar da mãe, onde havia mais droga. Delá, foi encaminhado até à casa onde vive com a esposa Jociara da Silva Lescano,33 anos, em frente a um residencial de luxo na Rua Três Marias, na Vila Marli.No local estava a maioria do material apreendido. As máquinas caça-níquel nãofuncionavam. Elas foram usadas há alguns anos por Judite, que chegou a serpresa por envolvimento com jogos de azar.


De acordo com o delegado, Fernando era o líder do trio e seapresentava como agiota, tentando acobertar um delito, com outro de menorpotencial ofensivo. “Ele conseguiu acumular alguns bens por meio do tráfico, edepois, com o intuito de tentar despistar a polícia, passou a fornecerempréstimos. O objetivo era esconder sua atividade verdadeira”, explicouSartori. O autor já tinha passagens por tráfico, assim como a esposa. Osobjetos apreendidos podem ter sido usados como moeda de troca por usuários.


Versão do Criminoso – Por sua vez, Fernando inocentamãe e esposa, e diz que jamais traficou. A droga encontrada seria para consumopróprio. Ele conta que é agiota há cerca de seis anos, e começou a fazerempréstimos depois de um acidente, quando recebeu R$ 24 mil de seguro DPVAT(Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de ViasTerrestres). “Um amigo meu disse que dava para ganhar um bom dinheiro assim, eentão entrei na agiotagem”, disse.


Ele conta que começou fazendo empréstimos de até R$ 4mil, somente para \"pessoas trabalhadoras, pois assim tinha certeza de elaspagariam as prestações em dia\". O maior valor cedido foi de R$ 30 mil, hátrês anos, e pago até hoje em parcelas mensais de R$ 3 mil. Durante esteperíodo, conseguiu acumular riquezas e atualmente tem uma renda mensal de R$ 25mil. Os objetos apreendidos com ele, inclusive as armas de fogo, estariam sobpenhora, principalmente os documentos dos veículos.


“É tudo meu. Eu pego como garantia para que as pessoas mepaguem. Se não me pagar, eu fico com o que é delas, e não saio no prejuízo.Cobro até 20% de juros, dependendo da situação de quem quiser fazer oempréstimo”, se defendeu, reforçando que vende cigarro e que consome drogas.“Uso a droga quando estou estressado, e minha família não sabia disso, elas(mãe e esposa) não têm nada a ver. Gosto de dar uns \\'tiros\\' de vez em quando”,completou.


Sartori aponta que Fernando já havia sido preso por tráficoanteriormente pela Denar, e que, ele e as comparsas também serão investigadospor agiotagem e tráfico de armas de fogo. O inquérito será encaminhado àsdelegacias específicas que vão apurar delitos correlatos. Cada grama de cocaínaera revendida pelo autor por R$ 50.


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