Animais estão sem alimentação nas granjas de MS e prejuízo no setor produtivo passa de R$ 1 bilhão


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G1 MS

 

Com a paralisação dos caminhoneiros, Mato Grosso do Sul deixou de abater mais de 25 mil suínos. De acordo com a Associação de Suinocultores de MS (Asumas), animais que deveriam ter sido embarcados para a indústria permanecem nas propriedades causando prejuízos aos produtores. A indústria que fica em Dourados e trabalha em parceria com produtores da região, é preparada para abater 4.200 animais por dia e desde o dia 23 de maio não abateu nenhum.

 

Segundo o presidente da Asumas, Celso Philippi Júnior, a paralisação tomou proporções de calamidade: "A corda arrebentou, não tem mais o que fazer, nós estamos em uma situação em que as fábricas de ração não tem mais matéria-prima e estamos alimentando os animais com milho moído. Não tem mais espaço nas granjas e agora começou a mortalidade e o canibalismo, que é o mais grave. Como essa alimentação não é o suficiente pra eles em propriedades nutricionais, eles começam a se morder... orelhas, rabo, tem brigas e vira uma verdadeira situação drámatica dentro das granjas" explica. 

 

Canibalismo também entre as aves

 

Na indústria de aves, 3 milhões de animais deixaram de ser abatidos na última semana. Cerca de 700 mil aves que nasceram nesse período de paralisação deixaram de ser alojadas e, de acordo com os produtores, isso também vai causar prejuízos no futuro. Pelo menos 10 milhões de frangos estão passando fome e o instinto das aves também é o canibalismo. De acordo com Adroaldo Hoffman, presidente da Associação Sul-Matogrossense de Avicultores, manter essas aves na granja significa jogar alimento fora: "A gente tá passando uma fase que, daqui para a frente a situação se torna irreversível a longo prazo para a cadeia produtiva do frango". 

 

"A situação é grave"

 

Na tarde desta terça-feira (29) uma reunião entre representantes dos produtores de aves e suínos e da indústria que atuam na região de Dourados e Sidrolância, se reuniram com o secretário estadual de meio-ambiente, desenvolvimento, econômico, produção e agricultura familiar, Jayme Verruck, para pedir suporte das forças de segurança na escolta dos caminhões que devem fazer esse transporte de carga viva e também de produtos frigorificados dos dois segmentos.

 

Algumas cargas já saíram em comboio para a indústria, mas segundo o secretário, o número não alivia a situação dos produtores: "A situação é grave. Apesar do acordo nós não tivemos desobstrução. Só na área de suínos e aves são 174 caminhões caminhões parados e carregados com produtos prontos para o consumo que não conseguem sair, e os produtores não conseguem chegar com os animais até a indústria". O secretário afirmou ainda que alguns carregamentos de animais conseguiram passar em comboio, mas é pouco diante da necessidade: "E impossível 'comboiar' toda a produção do Estado.

 

"A atividade econômica está paralisada"

 

Além da pecuária, outros setores também estão sentindo o impacto da paralisação. Segundo o secretário, não se pode pensar apenas no trânsito da local da produção: "Mato Grosso do Sul é um estado exportador, precisamos escoar essa produção para São Paulo. A atividade econômica está paralisada. Estamos tendo uma perda de arrecadação de R$ 15 milhões por dia" explica.

 

De acordo com o secretário, uma das indústrias de celulose de Três Lagoas, município que tem boa parte da arrecadação baseada nessa atividade, vai parar a fábrica: "Apesar de ter estoque de materiais, eles não conseguem levar a celulose para os terminais rodoviários". explica.

 

Usinas de etanol e açucar também estão paradas. Segundo o presidente da Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul), Roberto Hollanda Filho, na segunda-feira (28) eram 6 usinas sem produzir, nesta terça (29) já são 10 em todo o Estado: "Oito usinas estão moendo com baixa capacidade, em torno de 40% porque o combustível não está chegando. Até o momento a perda de faturamento é entre R$ 120 e 130 milhões. Se a paralisação continuar, em 48 horas a perda de receita será de R$50 milhões por dia em produtos que deixarão de ser produzidos".

 

Governo propõe redução do ICMS do diesel 

 

Após uma reunião realizada na tarde desta terça (29) entre representantes do governo de MS, caminhoneiros e representantes do setor produtivo, o governo anunciou a proposta de reduzir a alíquota do ICMS do diesel, dos atuais 17% para 12%, mas estabeleceu condições: liberar os pontos de bloqueio e também os pontos de manifestação pelas rodovias do estado.

 

A proposta segue em discussão nesta quarta-feira na governadoria, com uma nova reunião entre representantes do sindicato dos donos de postos, distribuidoras e OAB. Se o acordo realmente acontecer, o governo precisa elaborar um projeto de lei e encaminhar à Assembleia Legislativa de MS para que o imposto mais baixo seja colocado em prática.


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