Moro. Mas pode chamá-lo de Dr. House

Desde que continue a prender ladrões...


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VEJA/POR RICARDO NOBLAT

O presidente da República, Jair Bolsonaro, veste camisa do Flamengo antes de partida contra o CSA, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF) - 12/06/2019 (Edu Andrade/Fatopress/Folhapress)

Sabe qual o grau de interesse popular pelo caso das conversas trocadas entre o então juiz Sérgio Moro e o procurador Daltan Dellagnol quando os dois conduziam em parceria a Operação Lava Jato? Baixíssimo. Incipiente.

Sabe o percentual dos brasileiros que se consideram bem informados a respeito? Mínimo. Sabe quantos pontos Moro perdeu entre os que sempre o avaliaram positivamente? Nada muito além da margem de erro.

É o que deverá ficar demonstrado em pesquisas de opinião prestes a saírem do forno. E foi por isso que o presidente Jair Bolsonaro sentiu-se tão à vontade, ontem à noite, para assistir em Brasília ao jogo do Flamengo na companhia de Moro.

Bolsonaro comportou-se à sua maneira quando está de bom humor. Chegou chegando ao camarote principal do estádio: acenou para os torcedores, levantou os braços, vestiu uma camisa do Flamengo e gargalhou. Usava colete à prova de bala.

Moro, mais contido, apresentou-se de terno completo. Mas foi obrigado a despir o paletó para vestir uma camisa do time carioca que Bolsonaro lhe ofereceu. O presidente foi mais aplaudido do que ele. Mas Moro saiu no lucro.

Lembra-se da série de televisão americana chamada “House', exibida entre 2004 e 2012 em 66 países, inclusive aqui? O ator britânico Hugh Laurie fez o papel de Gregory House, um médico brilhante, mas arrogante e viciado em analgésicos.

De caráter duvidoso, Dr. House tinha o dom de diagnosticar doenças raras e casos inesperados. E para salvar seus pacientes ou simplesmente provar que estava certo era capaz de atropelar todas as normas e procedimentos médicos.

Na Inglaterra, país acostumado a respeitar regras, fez-se uma pesquisa para saber por que Dr. House fazia tanto sucesso ali. Resposta: porque para salvar vidas e atingir seus objetivos, ele mandava as regras às favas.

Moro é o Dr. House. Desde que continue prendendo ladrão, está dispensado de justificar por que mandou os escrúpulos para o beleléu, e com eles o Código de Processo Penal e a Constituição. Bandido bom não é bandido morto? Não é assim que se diz?

Vida que segue.

Em tempo: o Flamengo derrotou o CSA, de Alagoas, por 2 a 0. 


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