Ivinhema
CRM dá 10 dias para médicos explicarem briga em parto
DOURADOS AGORA
O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM/MS) abriu sindicância e estipulou prazo de dez dias para que os médicos que disputaram o parto de um bebê em Ivinhema, apresentem defesa preliminar. Na terça-feira, os médicos foram acusados de discutiram e se agrediram ao disputar a realização do parto de Gislaine de Matos Rodrigues, de 32 anos. A briga aconteceu na frente da paciente, que teve que ser transferida de sala. O trabalho de parto só foi retomado uma hora e meia após o incidente e o bebê acabou morrendo.
O CRM/MS assumiu a investigação do caso para apurar responsabilidade. Um inquérito policial também está em andamento e foi registrado como morte a esclarecer pelo pai do bebê, Gilberto de Melo Cabreira, também de 32 anos.
"A minha mulher pediu pelo amor de Deus para que eles (os médicos) ajudassem no parto e com a briga ela ficou com medo do bebê cair da maca no chão. Aí o bebê que já estava em processo de coroação, voltou pra dentro" afirmou o pai.
O caso foi registrado na Polícia Civil de Ivinhema como morte a esclarecer. Gilberto Cabreira contou que a esposa, Gislaine de Matos Rodrigues, 32 anos, chegou ao hospital no domingo (21) e ficou em observação. Na segunda-feira, por volta das 17h30, a mulher entrou em trabalho de parto. A previsão era de que a criança nascesse por volta das 23 horas do mesmo dia. O casal queria que o parto fosse feito pelo médico Orozimbo Ruela de Oliveira, 49 anos, responsável pelo prénatal. Por isso, ele foi até o hospital, fora do plantão.
Durante o parto, Cabreira contou que a sala foi invadida pelo plantonista, Sinomar Ricardo, 68 anos e tentou impedir que o colega continuasse com o procedimento. Em boletim de ocorrência, o pai do bebê diz que o médico teria se sentido desrespeitado com a presença de Orozimbo Oliveira.
Os médicos começaram a discutir dentro da sala de cirurgia e se agrediram na frente da paciente. A mulher foi retirada da sala e aguardava em outro local, até que um médico fosse chamado para terminar o parto, o que só aconteceu por volta da 1h15 da madrugada, aproximadamente 1h30 depois do previsão. O bebê nasceu morto.
O delegado de Ivinhema, Lupérsio Degerone Lúcio, disse que os acontecimentos indicam que a demora no atendimento ocasionou a morte do bebe. Segundo o delegado, a direção do hospital deverá instaurar um procedimento administrativo para apurar a conduta dos médicos. O laudo necroscópico deve ficar pronto em uma semana.
Os pais já tinham escolhido o nome da menina: Mibsan Rodrigues Cabreira. Durante o prénatal foi constatado que o feto era saudável e não apresentava complicações. A menina nasceu com 3,6 quilos e 47 centímetros.
A prefeitura de Ivinhema divulgou uma nota de esclarecimento na terça-feira (23) alegando que a Secretaria Municipal de Saúde e a direção administrativa do Hospital Municipal estão tomando as medidas a respeito do caso. Segundo a prefeitura, caso já foi encaminhado para a auditoria do Sistema Único de Saúde - SUS, órgão responsável para apuração dos fatos. A reportagem tentou entrar em contato com os médicos, mas a assessoria da prefeitura informou que o hospital não tinha autorização para passar os telefones dos médicos envolvidos.